tudo o que aqui for dito, é verdade *
foi em junho de 1996, não se sabe o dia, mas sabe-se que aconteceu .. aconteceu o que ninguém esperava. os meus pais criaram laços eróticos, e foi daí que eu fui feita. passaram-se meses, e a minha mãe não queria contar nada a ninguém, quanto mais tempo conseguisse esconder, melhor para ela, mas a minha família descobriu, mas fez de conta que não se passava nada, sabiam que ela iria acabar por contar, mas não contou ... a barriga começou a notar-se, e foi aí que ela disse que "iria mudar de estilo", foi quando começou a usar roupas largas e pretas, para disfarçar. começaram as fases dos vómitos, das emoções fortes, e ela sentiu-se isolada, foi aí que o meu pai descobriu. discutiu com ela, pondo as culpas inteiras nela, mas a culpa era dele também, naquele tempo já existia o preservativo. discutiram até dizer chega, na manhã seguinte, o meu pai já não estava em casa, estava tudo remexido, e não restava nada dele lá, ele tinha fugido, e ninguém sabia dele, a verdade, é que ele até hoje não apareceu. a minha mãe decidiu que aquele era o dia, vestiu-se como antigamente, encarou as consequências e ligou à mãe dela (minha avó), queira que se reuni-se a família, a minha avó já sabia do que se tratava, e então assim o fez. a minha mãe não teve papas na língua, e mal entrou disse « estou grávida », na cara da família estava um sorriso tremendo, menos nos lábios do meu avô, que se levantou e saiu sem sequer dizer uma palavra. passaram-se 8 meses, a minha mãe já andava com uma barriga enorme, estava quase a trazer-me ao mundo, quando nesse mês, em fevereiro de 1997, no dia 14, a minha mãe recebeu uma chamada, ela atendeu, e era o meu avô a pedir-lhe para ir a casa dele, estava lá a família e queriam conversar, ela foi, entrou e viu que toda a gente estava de cara colada ao chão, o meu avô escorrido de lágrimas, só conseguiu pôr a mão no ombro da minha mãe, a minha mãe olhou em redor e percebeu .. a minha avó, tinha morrido. durante aquela manhã, a minha avó estava a fazer as coisas dela, quando de repente levou a mão à cabeça, e caiu no chão, o meu avô chamou o 112, foi ao hospital, e descobriram que tinha sido um temor que tinha rebentado na cabeça dela. o choque foi enorme ... no dia a seguir, dia 15, o meu primo fazia 14 anos, a minha avó era madrinha dele, e ele não quis sair de casa nesse dia, passou um aniversário "morto", mas passou, o funeral foi nesse mesmo dia, ele quis ir à força toda, chorou muito com a cara pousada no caixão, a imagem dela ainda lhe está nos olhos. dia 19, o meu primo mais velho, fazia 20 anos, tentou ir divertir-se, saindo de casa às nove, eram dez e meia e ele já estava em casa, não conseguia. foi dia 1 de março, pelas 11h da noite, que eu nasci, vim ao mundo e como uma criança normal, chorei. a minha mãe teve de ser vista de urgência e ficou em espécie de coma leve, até às cinco da manhã, eu nasci cesariana. durante esse tempo, a minha mãe arranjou um companheiro, que sempre me quis bem, até eu fazer um ano de idade, e passado 6 meses, nascer a minha meia-irmã, foi aí que o pior aconteceu. o meu "padrasto" começou a dar-me maus tratos, fez-me coisas horríveis, até um dia, em que foi apanhado. o meu tio .. o meu Tio, que foi um herói, que o empurrou para trás e pegou em mim ao colo, levando-me ao hospital imediatamente. os médicos disseram que eu tive muita sorte, mas que as minhas fracturas já se estavam a aproximar da morte, eu era pequena, não sentia. o caso foi posto em tribunal, a minha mãe foi chamada, e foi com a minha meia-irmã ao colo, o juiz deu-lhe duas opções « fica com a sua filha mas deixa o seu companheiro, ou fica com o seu companheiro e a sua filha será reencaminhada para uma instituição », muitos pensam que ela me escolheu a mim, mas não .. escolheu o meu "padrasto". os papéis na segurança social avançaram, eu já ia a caminho de uma instituição quando o meu Tio, se chegou à frente e disse que ficava comigo, teve de assinar muitos papéis, e abdicar de muita coisa. então, desde um ano de idade que eu estou com os meus Tios, a quem fui habituada a chamar de Mãe e Pai, os meus primos, a quem eu chamo de Irmãos, com o maior orgulho que tenho. eles criaram-me, fizeram de mim mulher, e ainda hoje me contam que eu fui bastante forte, eu tinha medo de homens e hoje sou capaz de me defender deles, eu não comia nada, e hoje como que me farto. cresci, eles ajudaram-me, quanto ao meu pai verdadeiro, não o conheço, mas fiquei a saber à 2 dias, que ele era de origem africana.